A
Terapia Comunitária Integrativa "é um espaço comunitário onde se
procura partilhar experiências de vida e sabedorias de forma horizontal e
circular. Cada um torna-se terapeuta de si mesmo, a partir da escuta
das histórias de vida que ali são relatadas. Todos tornam-se
co-responsáveis na busca de soluções e superação dos desafios do
cotidiano, em um ambiente acolhedor e caloroso".Adalberto Barreto
Este espaço foi aberto para troca de idéias e de reflexões sobre todos os aspectos relacionados ao ser humano: suas idéias, seus objetivos, suas concepções, seus sonhos. Também abordaremos temas referentes e Terapia Comunitária Integrativa. Teremos o prazer de receber suas opiniões, no email mismecdf.secretaria@gmail.com
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
domingo, 9 de fevereiro de 2014
ARTIGO ADALBERTO BARRETO - AS DORES DA ALMA DOS EXCLUIDOS NO BRASIL
As dores
da alma dos excluídos no Brasil
(Adalberto
de Paula Barreto)
O
Contexto de nossa ação:
Assim
como muitos países do mundo recebem refugiados de guerra, as grandes cidades do
Brasil recebem refugiados que fogem de uma luta desigual contra as forças da
natureza, no árido sertão nordestino e vitimados por uma política econômica que
concentra poder e riqueza, excluindo a grande maioria das oportunidades de
desenvolvimento e da partilha de bens materiais ou culturais.
Os
movimentos migratórios, agravados pelas secas cíclicas, pela interrupção e
vulnerabilidade das políticas agrícolas provocam o empobrecimento econômico,
cultural, do “savoir -faire” e dos laços sociais e da imagem de si mesmo. Estes
migrantes são personagens de uma batalha silenciosa, invisível fruto da
política econômica injusta e excludente. Essa batalha, sem armas aparentes,
deixa marcas profundas no corpo e na alma do homem. A chegada às grandes
cidades acontece na mais profunda desolação. A cidade não os acolhe, não abre
suas portas para recebê-los. Eles chegam, mas não a penetram, permanecem na
periferia formando um cinturão de miséria.
Logo
descobrem que os sonhos tornam-se pesadelos. Inicia outra série de problemas
bem mais dramáticos: onde morar? Como construir casa se não há terra nem meios?
Como alimentar e nutrir seus filhos? Como conseguir emprego, se não têm
capacitação profissional? Como cuidar dos filhos, se precisam sair de casa á
busca de trabalho e comida? Essas questões ilustram a “via cruxis” de
indivíduos e famílias no quotidiano. São populações abandonadas pelos
governantes, denegadas por uma economia selvagem que as excluem literalmente da
partilha.
Para
poderem se inserir na grande cidade têm que romper com barreiras invisíveis,
verdadeiras muralhas de indiferença, hostilidade que tentam manter essas
populações afastadas da vida social. Neste contexto profundamente diferente, a
nova vida social e política e as atividades econômicas, por um lado, funcionam
como elementos que agridem a identidade cultural e atingem a identidade pessoal
provocando desagregações, desajustes e desequilíbrios. Por outro lado,
desencadeiam um esforço criativo e desejo de inserção social muito grandes, por
meio de inúmeros cultos religiosos ou movimentos associativos. A conseqüência
imediata dessa exclusão é a cisão da sociedade em duas grandes correntes
humanas:
a) uma,
fixada na terra com seus imóveis e mansões bem protegidas, ostentando riquezas
e bens visíveis;
b) outra,
como fantasmas semivisíveis que ninguém quer ver, perambula de lá para cá,
dentro do espaço urbano, movendo-se impulsionada pelas necessidades básicas, em
busca de alimento, moradia, emprego constituindo-se na sociedade dos descolados
sociais, ou das “almas penadas”.
Na cultura
brasileira o termo “alma penada” define a situação de pessoas que morrem e não
têm para aonde ir, que não conseguem seguir o destino de todas as almas após a
morte, e vagam entre os vivos, sofrendo e gemendo entre a terra e o mundo
espiritual. São as almas penadas, que tentam, sem sucesso, o contato, o diálogo
com o mundo dos vivos (Barreto 1994).
Durante
estes anos de trabalho com essas populações, nós podemos compreender o drama do
homem das favelas das grandes cidades brasileiras. Ser migrante favelado é algo
tão angustiante, tão frustrante quanto ser “alma penada” buscando contato com
os vivos, sem jamais conseguir ser visto ou ouvido.
Talvez a
familiaridade do termo junto às classes pobres traduza o real sentimento de uma
vida sem reconhecimento e sem direito a espaços que garantam o desenvolver
pleno da existência como pessoas, como cidadãos. A alma penada seria o
protótipo das doenças da alma do século XXI?
Nossa
intervenção:
Há 21
anos, o Departamento de Saúde comunitária da Universidade Federal do Ceará, com
o apoio do Centro de Direitos Humanos do Pirambú - CE. e do Movimento Integrado
de Saúde Mental Comunitária, desenvolve um trabalho de promoção em Saúde Mental
Comunitária, na segunda maior favela do Brasil, a favela do Pirambú, com 280.000
habitantes, situada na cidade de Fortaleza, nordeste do Brasil, metrópole com
dois milhões de habitantes.
A ação da
Universidade, no início, era voltada para as intervenções pontuais de
indivíduos e famílias em sofrimento psíquico, cujos direitos de cidadãos tinham
sido violados. Convidado a intervir como psiquiatra na favela, me dei conta de
que o arsenal quimioterápico da psiquiatria moderna não podia ser a única arma
na luta contra os efeitos de um contexto social desagregador e mutilador de
indivíduos.
O uso
indiscriminado tornava ainda mais caótico o estado psíquico de muitos usuários
e os mesmos psicotrópicos usados para tratar distúrbios mentais eram usados
indiscriminadamente nas insônias rebeldes e nos desequilíbrios emocionais ou
até para aplacar o choro das crianças famintas. Esse contexto caótico exigia a
criação de novos paradigmas capazes de estimular uma ação terapêutica criativa
e efetiva, que nos permitisse:
1.
Perceber o homem e seu sofrimento em rede relacional;
2. Romper
com o modelo do “salvador da pátria”, do técnico iluminado, que traz as
soluções e reforça um sistema de dependência;
3.
Identificar não só a extensão da patologia, mas também o potencial daquele que
sofre;
4. Como
fazer o grupo acreditar em si, na sua competência;
5. Como
resgatar o saber dos antepassados e a competência adquirida pela própria
experiência de vida;
6. Como
ultrapasssar o unitário para atingir o comunitário;
7. Fazer
da prevenção, uma preocupação constante e tarefa de todos;
Para
atuar de forma transformadora nesta dura realidade social, começamos a realizar
encontros semanais entre as pessoas mais carentes de auxílio psiquiátrico, na
favela, e acabamos criando nossa própria forma de trabalho, a Terapia
Comunitária (Barreto 1994).
Em espaço
livre, à sombra de um pé de cajueiro, reuniam-se as pessoas que estavam vivendo
uma situação de crise para falar de suas angústias, problemas, sonhos, dramas e
necessidades. Criamos então o Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitária,
Organização Não Governamental, sem fins lucrativos e com base comunitária, que
passou a oferecer, ao longo de 18 anos de trabalho, algumas opções terapêuticas
à população: arte terapia – massagem anti-estresse, fitoterapias - Terapias
comunitárias, sessões de resgate da auto-estima (Barreto 1994). Nossa ação
procurava suscitar a capacidade terapêutica do próprio grupo ajudando o
indivíduo a descobrir as implicações humanas e contextuais do quadro de
sofrimento em que viviam.
Desta
forma, nossa intervenção permitia a tomada de consciência do indivíduo em
sofrimento psíquico dentro do corpo social, estimulando a transformação de um e
de outro, tratando assim a saúde coletiva, e recuperando, com ações
individuais, a saúde do corpo social.
Nesses
anos de trabalho como psiquiatra, na favela, temos treinado cerca de 7.500
lideranças comunitárias que atuam em 27 estados do Brasil para assumirem o
papel de mediadores dos conflitos, conhecidos como terapeutas comunitários.
Eles atuam em comunidades carentes, nas escolas, postos de saúde, programas de
saúde da família e em prefeituras como São Paulo, Londrina-Pa e Sobral-Ce.
Trata-se
de um programa piloto na área de saúde comunitária que articula o saber
científico com o saber popular na perspectiva de superação dos conflitos e na
construção de redes sociais de apoio às pessoas em crise.
Nossa
experiência tem dado a convicção de que estas “doenças da alma” podem ser
tratadas pelo próprio grupo. Eles têm problemas, mas tem também as soluções e
precisam ser estimulados a tomarem consciência do potencial humano e cultural
que possuem.
É no
próprio grupo, trocando experiências, refletindo, se apoiando, reforçando os
laços afetivos e os valores da cultura local que o tecido social vai se
consolidando, que a consciência social vai despertando, descobrindo
coletivamente as saídas possíveis para a superação dos problemas, facilitando a
inserção social em novo contexto.
Nós nos
identificamos com o método (RAP)* Pesquisa-Ação-Participação, que temos adotado
há vários anos, definido como “rejeição do monopólio universitário sobre a
produção do conhecimento e fazendo apelo aos saberes da base, na base e para a
base”…
*-Atelier Nord Sud de
méthodologie en analyse, Réseau Culture Bruxelles mars 1997
As doenças
da alma
Nestes 21
anos de trabalho com as populações de excluídos no Brasil destacamos três
categorias que atingem de forma contundente os indivíduos:
1.
Disturbios do abandono.
2.
Disturbios da insegurança.
3.
Distúrbios da baixa auto-estima.
1-ABANDONO:
São
populações inteiras, mergulhadas em forte sentimento de abandono e orfandade.
Não fora um desejo muito forte de inserção social evidenciado pelas inúmeras
associações de bairro e diversos cultos religiosos, a situação poderia ser bem
mais caótica.
As
agressões contextuais, como o desemprego, a falta de habitação, saúde,
educação, aceitação social, a falta de uma política de inserção social mais
abrangente, constituem–se no maior atentado á vida em sociedade.
Indivíduos
e famílias entregues à própria sorte são levados a construir os próprios
mecanismos de sobrevivência, modelos de funcionamento que só consideram o
"aqui e agora" das necessidades fundamentais da existência humana,
tais como saciar a fome, a sede, buscar segurança.
Os efeitos
do sentimento de abandono são visíveis em todos os níveis:
-em nível
individual: a própria aparência física: bocas desdentadas, rugas precoces,
cabelos em desalinho;
-em nível
familiar: mulheres abandonadas pelos maridos assumindo a responsabilidade de
alimentar sozinha a família, famílias vivendo nas ruas, crianças abandonadas
cheirando cola,
-em nível
social: a própria configuração geográfica da favela, casas construídas com
pedaços de papelão, caixas, madeiras nos reinviam a pedaços de existência de
indivíduos, famílias e vidas.
Cada
família, uma história, uma seqüência de sofrimentos, sentimento de exploração,
de abandono e injustiça. Cada um parece prisioneiro de acontecimentos e, muitas
vezes, emprega toda a sua energia para se defender do sentimento de estar
“possuído” por forças ocultas, por espíritos dos mortos.
Talvez o
“encosto,” forma popular de possessão, nos fale de perda de liberdade de vida,
da perda da autonomia e do estado de dependência do outro, das pressões sociais
do novo contexto (Barreto 1988).
Enquanto
a dinâmica da urbis agrega pessoas em torno de lutas materiais específicas,
como habitação, alimentação, saúde, através de associações e sindicatos, outras
concentram as atenções no mundo secreto da espiritualidade.
São os líderes
espirituais, os curandeiros que, no anonimato dos centros, no silêncio da
noite, procuram com seus rituais, alimentar a fé que reanima a esperança de
dias melhores, oferece a possibilidade de pertencer a uma família espiritual, e
transforma o homem sofrido e solitário em pessoa pertencente a uma nova
família, restituindo-lhe a alegria de viver.
Para
muitos, ser devoto de santo católico, filho de algum orixá africano ou até
mesmo se deixar incorporar por um espírito de luz permite que esses indivíduos
abandonados possam sentir a plenitude de um sentimento quase esquecido, o de
fazer parte de nação de luz, na qual os governantes os acolhem com respeito e
afeição.
Aqui a
cultura emerge como sustentáculo de uma identidade ameaçada pelo novo contexto.
Tal qual a teia de aranha, a cultura é para o indivíduo o que a teia é para a
aranha: ela agrega, une, alimenta e fortalece os vínculos que conferem a
pertença.
Os mais
jovens formam gangues, verdadeiras “internetes sociais,” como estratégia para
suprir o sentimento de anomia, abandono e o desejo de inserção a grupo que lhe
confira o sentimento e pertença.
Outros,
ainda, geralmente os mais sensíveis, padecem de depressão, crises nervosas,
alcoolismo, drogas, prostituição.
O que é
mais dramático é que o sofrimento que padece o corpo e a família dos excluídos,
no quotidiano, atinge violentamente as almas desses corpos.
Estabelece-se
assim a guerra de valores em que o espírito das referências ancestrais
fortemente paternalista se chocam com as novas referências do mundo urbano onde
cada um tem que se virar para sobreviver.
É neste
contexto que muitos se mobilizam para não perder a guerra interior, para manter
viva a esperança, a crença em valores, para poder salvaguardar a identidade
ameaçada, no novo mundo que exige adaptações rápidas.
Os
espíritos cultuados nos diversos cultos, tornam-se em grandes aliados desses
homens. Sacerdotes e curandeiros são procurados para ajudá-los a resolver os
conflitos da alma.
Os
curandeiros, guardiões da identidade cultural, através de cultos religiosos e
rituais, tentam reanimar a alma desanimada pela dureza da vida.
Neste
sentido, os cultos religiosos,católicos, espíritas, afro-brasileiros ou outros,
funcionam como verdadeiras UTIs existenciais, para o homem sofrido, abandonado.
Aqui a cultura tenta dar suporte, onde as instituições falharam.
Curando a
dor da alma, conforta-se o corpo. Nestes contextos, os cultos tornam-se muito
mais espaço de catarse coletiva, para reduzir o estresse, do que espaço de
reflexão ou de tomada de consciência das implicações históricas e psicológicas
do sofrimento.
Alguns
cultos são terrivelmente agressivos, sobretudo algumas igrejas neo-evangélicas
e pentecostais, que exigem de seus fiéis a recusa das crenças culturais.
Trata-se de ruptura com o modelo referencial interiorizado há gerações,
verdadeira destruição de identidades, de pertenças fundamentais, substituídas,
por um falso EGO, construído sobre valores de uma religião da qual deve esperar
tudo, e que se afirma pela negação do outro, do diferente.
Ela se
impõe, o que reforça o sentimento de dependência, de submissão sectária.
No
entanto, temos observado que outros cultos, como a umbanda, são muito mais
respeitosos da diversidade cultural e oferecem a possibilidade de acolhimento,
na neofamilia, na qual coabitam múltiplas imagens identificatórias, que podem,
pelo respeito da cultura de base, se apropriar de modelo comunitário mais
tolerante.
A doença
do abandono é a porta de entrada dos cultos. De cliente, torna-se adepto. A
explicação da origem de todo mal ou malestar é atribuída aos maus espíritos,
que devem ser exorcizados através de rituais. Sob o pretexto de exorcizar o
mal, exorciza-se o homem de si mesmo, de suas crenças, de seus valores
ancestrais, do senso critico. Trata-se de verdadeiro culto de esvaziamento do
homem de sua identidade cultural.
Estamos
convencidos de que enquanto os indivíduos não entenderem as implicações humanas
e contextuais de seus sofrimentos e não tiverem o senso de co-responsabilidade,
não haverá desenvolvimento sustentável possível.
2-INSEGURANÇA:
O clima
de insegurança é um fermento de violência, de divisão, de fraturas, de rupturas
no seio da sociedade, estimulada e alimentada pelo medo e ações irracionais
geradas pela insegurança. Nas favelas, o clima de violência, roubo, crimes têm
se intensificado com o desemprego. O desejo de sobrevivência é bem mais forte
levando indivíduos e grupos a se organizarem para roubar e pilhar bens de
primeira necessidade ou bens simbólicos.
Esses
indivíduos ou grupos organizados começam a impor seu poder gerando um clima de
insegurança e medo nas pessoas de ambos os grupos sociais.
As casas
tornam-se verdadeiras prisões, com grades de ferro para garantir a própria
segurança, os moradores acabam construindo verdadeiras prisões para si mesmos.
Trancadas em suas casas, as pessoas tornam-se reféns da violência.
Os mais
pobres, os que moram nas favelas, vivem sobressaltados, com medo de perder um
chinelo, uma peça de roupa, o botijão de gás, o que é ainda pior, de serem atingidos
por alguma bala perdida durante as brigas de gangues.
O clima
de desconfiança vai, aos poucos, quebrando os vínculos de solidariedade e
acolhida, tão característicos das populações interioranas, gerando conflitos,
intrigas, estupros, agressões contra vizinhos.
Os
sintomas do distúrbio da insegurança atingem a todos: os jovens perdem o
direito de circular livremente na cidade, onde as gangues já delimitaram seus
territórios onde nenhum outro individuo de outra comunidade pode circular sem
represálias.
As
pessoas idosas são assaltadas quando recebem no banco, o dinheiro da
aposentadoria. A ausência de uma policia cidadã que não inspira confiança torna
o quadro ainda mais dramático. Em resposta a esse contexto, a cada dia, fica
mais significativo o números de rituais de proteção usados, que vão desde o uso
de símbolos protetores religiosos: como a cruz,os salmos, as medalhas, até o
uso de cães e armas de fogo para sair às ruas.
A
insegurança é o reflexo das condições sociais que se agravam a cada dia com a
falta de emprego. Este clima de ameaça e de hostilidade leva os indivíduos a
desconfiarem uns dos outros identificando qualquer pessoa desconhecida como
possível inimigo. Com isso, praticam-se constantemente atos de discriminação, e
exclusão contra o outro.
Existe
também a cultura da violência que é estimulada e vivificada por uma
contracultura, expressa nos filmes e programas de comunicação de massa, nos
jogos de guerra e videogames que, transmitidos à nossa imaginação, sem
critérios ou legislação adequada, reforçam a idéia de que o herói é aquele que
consegue tudo através do uso da violência e da força contra o outro.
O espaço
da família se vê invadido pela violência, na forma dos conflitos conjugais, na
violência contra a mulher, nos maus tratos à criança.
No
Brasil, ela toma contornos ainda mais dramáticos com o surgimento de programas
televisivos que estão sempre mostrando cena de crime ao vivo com todas as cores
da violência e crueldade. Se a segurança como fator social é necessária para que
se possa inspirar a confiança recíproca dos homens, estar seguro e poder
confiar em si mesmo, na sua capacidade de dominar, de comandar os instintos,
transformando-os em força para viver,são necessidades básicas para a paz do
indivíduo e a paz social que nele se origina . O que é preocupante é que o
clima de insegurança pode ser fermento de violência e divisão no seio da
sociedade, pelos medos e ações irracionais que ocasiona.
3- A
BAIXA AUTO-ESTIMA:
É
evidente que, além da violência e do abandono, a exclusão social gere
sentimento de menos valia, de desvalorização do indivíduo. Soma-se a isso a
força dos estereótipos e preconceitos sociais reforçados por uma educação que
não leva em conta os valores próprios do indivíduo. Estes elementos
contextuais: educação doméstica repressora, os estereótipos sociais que
desvalorizam a pessoa acabam por anular, por dilapidar o patrimônio íntimo do
homem: A confiança em si.
Desconhecem-se
os dons inatos, aptidões e capacidades naturais. Desvalorizado, caso não consiga
atingir os padrões intelectuais exigidos, introjeta o sentimento de
incapacidade, e passa a não acreditar mais em si mesmo, se autoexclui, não se
sentindo mais merecedor da felicidade, perdendo aos poucos a condição de amar e
ser amado. Esse sentimento de descrença, em seu próprio potencial, se manifesta
em vários níveis:
A)
individual: leva as pessoas a calar sentimentos e emoções mais profundos, a
apresentarem assim um alto índice de tensão psíquica e somatizações físicas ;
B)
familiar: uma educação repressora baseada em xingamentos em que a criança,
desde cedo, é desvalorizada, é vista como incapaz criando um campo fértil para
nutrir a insegurança e o sentimento de desvalorização.
C)
social: alto índice de abandono de empregos por se sentirem incapazes
O quadro
mais dramático, dentro de uma favela, não é a miséria retratada nos casebres, e
sim a miséria oculta no íntimo das criaturas. O sentimento de incapacidade e de
descrença nos próprios potenciais é que vem reforçar a marginalização dos
indivíduos no corpo social que, muitas vezes os faz perder chances de trabalho
e inserção social que lhes aparecem, pois inconscientemente eles próprios auto
boicotam todas as oportunidades para crescer e vencer.
Paralelamente
às sessões de Terapia Comunitária, temos procurado minimizar este quadro
criando grupos de reforço da auto-estima, através de técnicas e dinâmicas
adaptadas às condições, procurando despertar o potencial humano amordaçado e
colocá-lo a serviço de uma dinâmica individual e coletiva, levando as pessoas a
se tornarem sujeitos da história e responsáveis pela existência.
Reflexões:
As
síndromes relativas ao abandono, insegurança e baixa auto-estima constituem um
quadro preocupante em escala nacional. Constituem fermentos de violência e
divisão no seio de uma sociedade, pelos medos e ações irracionais que podem
ocasionar. Esse clima de tensão, desespero e muita angústia só pode desaparecer
com a maior presença de instituições comprometidas com o bem comum. Quando as
instituições estão ausentes ou são inoperantes, os indivíduos criam suas
próprias regras e leis e tende a imperar a autodefesa, o salve-se quem puder, o
que potencializa cada vez mais a violência fratricida.
Faz-se
necessário criar instrumentos aptos a estimular uma “ação criativa” nos
indivíduos que vivem nestes contextos anômicos. Eles devem se apoiar em valores
individuais próprios e em valores culturais anteriormente desqualificados. Em
nossa experiência, os novos instrumentos só podem ser concebidos num contexto
grupal, participativo e comunitário.
Nossa
experiência tem nos firmado na convicção de que a solução está no coletivo e em
suas interações, no compartilhar, nas identificações com o outro, no respeito
às diferenças. Portanto é do grupo que devem emergir as soluções adaptadas.
Essa perspectiva exige, dos profissionais, uma tomada de distância critica dos
modelos explicativos do sofrimento, e das intervenções que implicam, muitas
vezes em condutas lineares e redutoras (Exemplo do modelo biomédico que
supervaloriza a quimioterapia ou modelo social que impõe, do exterior, ações
tanto educativas como repressivas.).
Os
profissionais devem fazer parte dessa construção. Ambos tiram benefícios: A
comunidade gerando autonomia e inserção social e os terapeutas se curando de
seu autismo institucional e profissional, bem como de sua alienação
universitária. Uma política de Autopromoção do indivíduo, como fator
transformador do corpo social, deve permitir a ruptura de modelos
paternalistas, que geram dependência e castra a criatividade.
Não se
trata de ficar somente à espera de investimento financeiro, mas sobretudo de
investir no capital sócio-cultural do indivíduo excluído, para permiti-lo sair
do lugar de objeto vítima, para um lugar de sujeito, ator de seu destino para
tornar-se co-responsável na construção de uma sociedade mais igualitária, seja
capaz de fazer suas escolhas criticas em busca de sua autonomia.
Investir
em políticas sociais capazes de promover e consolidar os laços afetivos e
sociais, capazes de fazer surgir um sentido de pertença cultural inscrita numa
comunidade de vida. Sair dos espaços para investir mais nos laços, ultrapassar
o modelo individual, onde a solução de todos os males é esperada de um único
individuo externo ou do político.
Precisamos
estimular movimentos participativos em que cada um dê sua contribuição, o que
permite paralelamente ao grupo desenvolver-se no conjunto como um todo. Como
foi dito para o subdesenvolvimento, a perda da estima de si é um estado de
privação em relação ao próprio saber. É importante iniciar e desenvolver os
espaços de restauração identitário onde a palavra pode se liberar. Os saberes
científicos devem reconhecer e integrar, enfim, os saberes ditos populares. A
restauração da estima de si dos excluídos constitui a pedra angular da luta
contra as doenças da alma do século XXI.
Referencia
Bibliografica:
1-Barreto
A.P. "UN MOVIMIENTO INTEGRADO DE SALUD MENTAL COMUNITARIA EN FORTALEZA,
BRASIL" In Boletin Oficina Sanitaria Panamericana 117 (5), 1994
2-Barreto A. P.
"L'ARAINEE ET LA COMMUNAUTE TISSENT LEURS TOILES" in Transitions nº
37 ( Rites culturels et Droits de la Personne) 135-142 Paris 1994
3-Barreto A. P. "LES
AMES EN PEINE DANS LA VILLE" in Transitions nª 37 (Rites culturels et
Droits dela Personne) 127-134 Paris 1994
4-Barreto
A. P. ASPECTS CULTURELS SPECIFIQUES DU SYNDROME DE POSSESSION ET LA RELATION
THERAPEUTIQUE Conferencia no 3º Seminaire inter-culturel Henry collomb na
França em outubro 1988.
REPORTAGEM SOBRE TCI - HUMBERTO REZENDE PARA O CORREIO BRAZILIENSE
A cura pela solidariedade
Dom, 05 de Outubro de 2008
10:47 Administrador
Ministério da Saúde inclui grupos de terapia comunitária em seu plano de
atenção básica. Técnica é baseada em conversas e troca de experiências entre
moradores de comunidades carentes de todo o país. Discussões vão do desemprego
à violência doméstica
Humberto Rezende
Da equipe do Correio Braziliense
Da equipe do Correio Braziliense
Sentadas em roda, na entrada de um posto de saúde
de São Sebastião, elas iniciam o ritual que repetem todas as manhãs de
quarta-feira, sem falta. Estão ali para conversar, desabafar, trocar
experiências. Antes, porém, a coordenadora do grupo, Marilene Barbosa, lembra
as regras a serem respeitadas: ouvir em silêncio, não julgar o que a outra
pessoa diz, não dar conselhos, falar sempre de si e não da outra e, sempre que
possível, citar canções, versos e provérbios que se relacionem com o assunto
discutido.
Todas de acordo, é iniciada mais uma sessão de
terapia comunitária, técnica surgida há 21 anos no Ceará e que, desde então, se
espalhou por todo o país e chegou à Europa.
Definida por seu criador, o psiquiatra da Universidade Federal do Ceará (UFC) Adalberto Barreto, como “um espaço de acolhimento e escuta” (leia entrevista na página 22), a terapia comunitária acaba de ser abraçada pelo governo federal como parte da estratégia de atenção básica à saúde. Por meio de um convênio entre a UFC e o Ministério da Saúde, 1,1 mil profissionais das equipes do Programa Saúde da Família (PSF) serão capacitados, até março de 2009, para aplicar a metodologia em comunidades carentes de todo o país — exatamente o público para a qual a terapia foi desenvolvida.
Nas sessões, o terapeuta comunitário, ou facilitador, estimula os participantes a contar os problemas que os afligem. Depois das exposições, cada pessoa do grupo vota em um dos problemas apresentados. Aquele que gerar mais interesse será debatido. Além da pessoa que trouxe a questão, falam também aqueles que já passaram por uma situação parecida e podem dizer como lidaram com ela. Ao final, ocorre o ritual de agregação, quando, de mãos dadas, todos dizem o que estão levando da experiência vivida. Muitos grupos utilizam canções, que servem para encorajar os participantes a enfrentar seus problemas.
“Não se trata de psicoterapia, mas de uma rede solidária de apoio. A comunidade tem seus problemas, mas também tem as soluções”, resume a psiquiatra Maria Henriqueta Camarotti, uma das diretoras do Movimento Integrado de Saúde Comunitária do Distrito Federal (Mismec-DF), primeiro pólo a formar grupos de terapia comunitária fora do Ceará, desde 2001. Hoje, graças à entidade, cerca de 40 rodas funcionam no DF.
Prevenção
A metodologia tem atraído a atenção de médicos e psicólogos de todo o país, que se esforçam para multiplicar a experiência. Atualmente, são 36 pólos de formação nas 27 unidades da federação, que já treinaram 12,5 mil terapeutas comunitários — apenas no Pólo Quatro Varas, em Fortaleza, são atendidos, em média, 3 mil pacientes por mês (cerca de 500 mil atendimentos desde 1986). Há seis anos, especialistas brasileiros têm ajudado na disseminação da técnica pela Europa. Já foram criados três pólos no continente — dois na França e um na Suíça.
Ampliar a oferta no país é o principal objetivo do convênio assinado pelo Ministério da Saúde com a UFC, que dá prioridade a municípios com cobertura de pelo menos 30% do Programa Saúde da Família — e, por isso, não inclui o Distrito Federal (hoje com apenas 6,51% da população atendida pelos agentes comunitários de saúde). “Nossa intenção é que a formação dos agentes comunitários não se encerre nesse primeiro momento, que seja um trabalho permanente”, explica a coordenadora da Política de Práticas Integrativas e Complementares do Sistema Único de Saúde (SUS), Carmen de Simoni.
Definida por seu criador, o psiquiatra da Universidade Federal do Ceará (UFC) Adalberto Barreto, como “um espaço de acolhimento e escuta” (leia entrevista na página 22), a terapia comunitária acaba de ser abraçada pelo governo federal como parte da estratégia de atenção básica à saúde. Por meio de um convênio entre a UFC e o Ministério da Saúde, 1,1 mil profissionais das equipes do Programa Saúde da Família (PSF) serão capacitados, até março de 2009, para aplicar a metodologia em comunidades carentes de todo o país — exatamente o público para a qual a terapia foi desenvolvida.
Nas sessões, o terapeuta comunitário, ou facilitador, estimula os participantes a contar os problemas que os afligem. Depois das exposições, cada pessoa do grupo vota em um dos problemas apresentados. Aquele que gerar mais interesse será debatido. Além da pessoa que trouxe a questão, falam também aqueles que já passaram por uma situação parecida e podem dizer como lidaram com ela. Ao final, ocorre o ritual de agregação, quando, de mãos dadas, todos dizem o que estão levando da experiência vivida. Muitos grupos utilizam canções, que servem para encorajar os participantes a enfrentar seus problemas.
“Não se trata de psicoterapia, mas de uma rede solidária de apoio. A comunidade tem seus problemas, mas também tem as soluções”, resume a psiquiatra Maria Henriqueta Camarotti, uma das diretoras do Movimento Integrado de Saúde Comunitária do Distrito Federal (Mismec-DF), primeiro pólo a formar grupos de terapia comunitária fora do Ceará, desde 2001. Hoje, graças à entidade, cerca de 40 rodas funcionam no DF.
Prevenção
A metodologia tem atraído a atenção de médicos e psicólogos de todo o país, que se esforçam para multiplicar a experiência. Atualmente, são 36 pólos de formação nas 27 unidades da federação, que já treinaram 12,5 mil terapeutas comunitários — apenas no Pólo Quatro Varas, em Fortaleza, são atendidos, em média, 3 mil pacientes por mês (cerca de 500 mil atendimentos desde 1986). Há seis anos, especialistas brasileiros têm ajudado na disseminação da técnica pela Europa. Já foram criados três pólos no continente — dois na França e um na Suíça.
Ampliar a oferta no país é o principal objetivo do convênio assinado pelo Ministério da Saúde com a UFC, que dá prioridade a municípios com cobertura de pelo menos 30% do Programa Saúde da Família — e, por isso, não inclui o Distrito Federal (hoje com apenas 6,51% da população atendida pelos agentes comunitários de saúde). “Nossa intenção é que a formação dos agentes comunitários não se encerre nesse primeiro momento, que seja um trabalho permanente”, explica a coordenadora da Política de Práticas Integrativas e Complementares do Sistema Único de Saúde (SUS), Carmen de Simoni.
“É um
instrumento para que o agente melhore o trabalho que presta à comunidade”,
completa.
Atualmente, não só agentes de saúde atuam como facilitadores. Os pólos espalhados pelo país já capacitaram líderes comunitários, enfermeiros, agentes pastorais, psicólogos e médicos, entre outros voluntários. No grupo, reina a convicção de que o método é um trabalho preventivo de saúde. De fato, um estudo de impacto realizado pela UFC em 2005 e 2006, com 12 mil questionários em 12 estados brasileiros, mostrou que 88,5% das demandas foram resolvidas dentro da roda de terapia. Somente 11,5% das pessoas precisaram ser encaminhadas para os serviços de saúde. Os dados mostram ainda que os temas mais freqüentes são estresse e emoções negativas (26%), conflitos familiares (19,7%), dependência de álcool e outras drogas (11,7%) e questões ligadas ao trabalho (9,6%).
Voluntários
Em São Sebastião, as demandas são muito parecidas com as apontadas no levantamento. “O que a gente mais discute são problemas como a falta de emprego e a violência doméstica”, diz Marilene, que divide seu tempo entre o trabalho como secretária na Câmara dos Deputados e a coordenação de grupos na cidade. Ela se tornou uma facilitadora depois de se encantar com os benefícios da terapia, ao participar de um grupo no Paranoá, onde mora. “Eu era uma pessoa fechada e fui ganhando confiança, me sentindo mais segura”, lembra.
Hoje, são seis grupos em São Sebastião, que contam com a presença assídua de mulheres como a diarista Francisca Maria de Sousa, 41 anos. Curiosa, como ela mesma se define, Francisca logo quis saber do que se tratava o tal grupo que estava sendo criado perto de sua casa. Participando das reuniões, percebeu que não tinha tido até então a chance de lidar com a dor de duas perdas que sofreu — as mortes da mãe, em 1995, e do primeiro filho, em 2000. “Mesmo tendo meu marido, que conversa muito comigo, percebi aqui que ainda sentia uma angústia muito grande”, conta.
Hoje, Francisca se diz feliz. A segunda filha, Laura, já completou 6 anos, e o casamento com Osmar Mendonça, 38, vai muito bem. E quando surge algum problema, ela sabe onde poderá desabafar e buscar uma saída, com a coragem que aumenta a cada dia. “Quando queremos alguma coisa, temos que trabalhar por ela”, ensina.
Atualmente, não só agentes de saúde atuam como facilitadores. Os pólos espalhados pelo país já capacitaram líderes comunitários, enfermeiros, agentes pastorais, psicólogos e médicos, entre outros voluntários. No grupo, reina a convicção de que o método é um trabalho preventivo de saúde. De fato, um estudo de impacto realizado pela UFC em 2005 e 2006, com 12 mil questionários em 12 estados brasileiros, mostrou que 88,5% das demandas foram resolvidas dentro da roda de terapia. Somente 11,5% das pessoas precisaram ser encaminhadas para os serviços de saúde. Os dados mostram ainda que os temas mais freqüentes são estresse e emoções negativas (26%), conflitos familiares (19,7%), dependência de álcool e outras drogas (11,7%) e questões ligadas ao trabalho (9,6%).
Voluntários
Em São Sebastião, as demandas são muito parecidas com as apontadas no levantamento. “O que a gente mais discute são problemas como a falta de emprego e a violência doméstica”, diz Marilene, que divide seu tempo entre o trabalho como secretária na Câmara dos Deputados e a coordenação de grupos na cidade. Ela se tornou uma facilitadora depois de se encantar com os benefícios da terapia, ao participar de um grupo no Paranoá, onde mora. “Eu era uma pessoa fechada e fui ganhando confiança, me sentindo mais segura”, lembra.
Hoje, são seis grupos em São Sebastião, que contam com a presença assídua de mulheres como a diarista Francisca Maria de Sousa, 41 anos. Curiosa, como ela mesma se define, Francisca logo quis saber do que se tratava o tal grupo que estava sendo criado perto de sua casa. Participando das reuniões, percebeu que não tinha tido até então a chance de lidar com a dor de duas perdas que sofreu — as mortes da mãe, em 1995, e do primeiro filho, em 2000. “Mesmo tendo meu marido, que conversa muito comigo, percebi aqui que ainda sentia uma angústia muito grande”, conta.
Hoje, Francisca se diz feliz. A segunda filha, Laura, já completou 6 anos, e o casamento com Osmar Mendonça, 38, vai muito bem. E quando surge algum problema, ela sabe onde poderá desabafar e buscar uma saída, com a coragem que aumenta a cada dia. “Quando queremos alguma coisa, temos que trabalhar por ela”, ensina.
Entrevista - Adalberto Barreto
Psiquiatra da Universidade Federal do Ceará fala sobre técnica criada depois de visitar favela de Fortaleza
Psiquiatra da Universidade Federal do Ceará fala sobre técnica criada depois de visitar favela de Fortaleza
Humberto Rezende
Da equipe do Correio Braziliense
Da equipe do Correio Braziliense
Há 21 anos, o psiquiatra Adalberto Barreto começou
a receber, na Universidade Federal do Ceará, onde trabalhava, visitas de
moradores da favela Pirambu, em Fortaleza. Eram pessoas com problemas
emocionais dos mais diversos tipos — de relacionamentos à dependência de álcool
— encaminhadas pelo irmão do médico, o advogado Airton Barreto, que fazia
consultorias de forma voluntária na comunidade.
Percebendo que não daria conta de atender todos que precisavam, Adalberto reuniu um grupo de alunos e foi até a favela, em busca de uma forma eficaz de atendimento. O convívio com aquelas pessoas fez com que uma nova técnica, baseada na conversa, escuta e troca de experiências, fosse moldada. Surgia a terapia comunitária, trabalho encarado por Adalberto como preventivo, na qual a própria comunidade se ajuda a enfrentar os desafios da vida.
Em entrevista ao Correio, o criador da terapia comunitária fala sobre o trabalho que iniciou e defende o poder curativo da conversa e da escuta: “A palavra é o remédio, o bálsamo, a bússola para quem fala e para quem ouve”.
Percebendo que não daria conta de atender todos que precisavam, Adalberto reuniu um grupo de alunos e foi até a favela, em busca de uma forma eficaz de atendimento. O convívio com aquelas pessoas fez com que uma nova técnica, baseada na conversa, escuta e troca de experiências, fosse moldada. Surgia a terapia comunitária, trabalho encarado por Adalberto como preventivo, na qual a própria comunidade se ajuda a enfrentar os desafios da vida.
Em entrevista ao Correio, o criador da terapia comunitária fala sobre o trabalho que iniciou e defende o poder curativo da conversa e da escuta: “A palavra é o remédio, o bálsamo, a bússola para quem fala e para quem ouve”.
“A palavra é o remédio”
Qual o objetivo da terapia comunitária? E por que ela funciona? A terapia comunitária surgiu como um projeto de extensão da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Trata-se de uma ação cidadã que transcende classes sociais, profissões, raças, credos, partidos. Cada um partilha seu saber, sua competência, integrando saberes e construindo uma grande rede solidária. São agentes comunitários de saúde, agentes pastorais, lideranças comunitárias, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, advogados, artistas, sacerdotes, pastores, curandeiros, médicos, educadores, enfermeiros... A comunidade age onde a família e as políticas sociais falham. Funciona porque a comunidade descobre que ela tem problemas, mas também tem as soluções. E aos poucos vai descobrindo que a superação não é obra particular de um indivíduo, de um iluminado, de um governo, ou de um terapeuta, mas é da coletividade. Na terapia comunitária, a palavra é o remédio, o bálsamo, a bússola para quem fala e para quem ouve. É da partilha de experiência entre as pessoas que se alivia o sofrimento das dores da alma, e se vislumbram novas pistas de superação dos problemas. O que esses anos de trabalho ensinaram ao senhor sobre as pessoas? A técnica parece ser uma espécie de voto de confiança na capacidade do ser humano de se reunir e se ajudar. Esses 21 anos de trabalho têm mostrado que a academia não tem a hegemonia da produção do conhecimento. Ela produz um conhecimento imprescindível e necessário, mas a experiência de vida também produz conhecimento. A carência gera competência. Geralmente, damos melhor aquilo que não recebemos. O enfrentamento das dificuldades produz um saber que tem permitido aos excluídos sobreviverem através dos tempos. Eles dispõem de mecanismos próprios para superar as adversidades, e os sofrimentos e superações expostos e refletidos pelo grupo promovem a criação gradual de consciência social. Permitem que os indivíduos descubram as implicações sociais na gênese do sofrimento humano. Geralmente, atribuímos nossas competências a cursos que fizemos ou livros que lemos, e jamais a algo que vivenciamos. Nós só nos empoderamos quando compreendemos e aceitamos ser sujeito ativo aprendendo com a nossa história. Por que a terapia comunitária atrai tantos profissionais interessados em difundí-la? Os modelos de intervenções terapêuticas são, em sua grande maioria, voltados para o atendimento individual. Nas universidades, se aprendem técnicas para serem aplicadas em consultórios, tendo o indivíduo como paciente ou, no máximo, incluindo a família. Existe uma grande pobreza em técnicas que privilegiam o grupo. A terapia comunitária, de certa forma, preenche essa lacuna, oferecendo aos profissionais um instrumento de intervenção coletiva. Em muitas comunidades, os líderes religiosos são muito presentes. Como fazer com que a busca por conforto não seja só uma repetição dos sermões das igrejas? Identificamos pelo menos duas grandes linhas de ação que norteiam as ações dos cuidadores. Primeiro, existe o modelo do salvador da pátria, que privilegia a falta, o negativo, as carências, os pecados. Essa abordagem gera um sentimento de insegurança e culpabilidade e leva o indivíduo a buscar um salvador, um guru, um doutor, uma igreja capaz de libertar do mal e se salvar. A solução vem de fora, o que deixa o grupo refém de suas lideranças. Já o modelo co-participativo, que propomos na terapia comunitária, se baseia na competência das pessoas. Valorizamos a autonomia e a co-responsabilidade. Cada um é parte do problema e parte da solução. Por isso, algumas regras estruturam as rodas: não dar conselho, não fazer sermão nem discurso, fazer silêncio quando o outro fala, não julgar, falar de si usando eu e propor músicas, piadas ou poesias em função da temática conduzida. O terapeuta comunitário não faz a terapia para a comunidade, ele faz a sua terapia com a comunidade. Ambos tiram benefícios. Os profissionais vão se curando de sua alienação acadêmica, universitária ou religiosa, e as pessoas se tornam mais autônomas e menos dependentes de psicotrópicos, dos profissionais e das instituições. |
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
ARTIGO - DO INDIVIDUAL PARA O GRUPAL - TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA por Henriqueta Camarotti
Terapia Comunitária Integrativa: do
individual para o grupal – eis o desafio!
Maria Henriqueta Camarotti [1]
A Terapia Comunitária Integrativa (TCI) é uma abordagem em
grupo e como tal é centrada e tem como objetivo, o grupo. Neste capítulo vamos aprofundar o
paradigma grupal e como este se intersecciona com a prática dessa metodologia.
Trata-se de uma reflexão sobre a passagem do olhar terapêutico do individuo
para o coletivo, percebendo o grupo como alvo da metodologia da TCI.
Para iniciar nossa reflexão, entendemos que para perceber a
Roda de TCI como uma abordagem grupal é imprescindível que o terapeuta
comunitário absorva o processo de forma inteira, tendo começo, meio e fim,
entendendo a metodologia em todas suas etapas. Sem essa visão fica muito difícil
e até sofrido para o terapeuta acompanhar os depoimentos dos participantes e
ter, ao mesmo tempo, que fazer fluir a metodologia adotada. Por que acreditamos
ser esse processo difícil? Porque ele, o terapeuta, vai ficar sempre no dilema
entre concentrar sua atenção nas pessoas que estão expondo suas dificuldades e
ao mesmo tempo não perder de vista o grupo como um todo.
Segundo Jorge Ponciano Ribeiro, gestalterapeuta estudioso do
grupo psicoterapêutico (1994), o grupo é transformador, sempre muito maior que
a soma de seus membros. Sobre isso, este autor afirma que “O grupo é um fenômeno cuja essência reside no seu poder de
transformação, no seu poder de escutar, de sentir, de se posicionar, de se
arriscar a compreender o processo de significação do viver e do responsabilizar-se”
(1994, p.10). Na prática percebemos que tanto o grupo psicoterapêutico quanto o
terapêutico tem mais força no empoderamento das pessoas, pois seus membros,
todos juntos, buscam a compreensão do mistério humano, dos sentimentos mais básicos
de nossa existência: dor, raiva, angústia, alegria, amor, medo, tristeza. No
grupo aprendemos que todos somos diferentes mas,
ao mesmo tempo, próximos em nossas essências.
Nas formações em TCI se faz necessário conceituar grupo, seus
alcances e possibilidades. Pautada na visão do grupo trazida pelo Mestre
Ponciano, sempre acho importante clarear o diferencial entre os conceitos de terapia em grupo, terapia de grupo e terapia
do grupo (RIBEIRO, 1994). Nós compreendemos que na terapia em grupo as pessoas
participam do grupo, mas podem ser
trabalhadas individualmente ou em subgrupos. O terapeuta pode realizar abordagens
direcionadas a uma pessoa na presença dos demais componentes do grupo. O
objetivo da terapia em grupo é focar
na pessoa mais mobilizada naquele dia, recorrendo aos demais participantes como
forma de suporte ou continente para a pessoa trabalhada.
Na terapia de grupo, acontecem trocas e
aprendizados uns com os outros, ainda numa perspectiva do individual para o
individual ou mesmo do individual para o grupal ou de terapeuta para o
individual ou grupal. Nessa situação, todos são vistos como partes que formam
um todo.
Enquanto que na terapia do grupo, o alvo e interesse
das ações estão voltados para o grupo. O “cliente” é o próprio grupo. O terapeuta
tem como objetivo fazer com que o grupo evolua na direção da expansão da
consciência sobre seus problemas e sobre suas soluções. Há uma certeza interna do
terapeuta de que se ele for fiel à necessidade e soluções que emergem do grupo,
ele alcançará um ritmo harmônico na caminhada de todos. Na terapia do grupo, o grupo existe como uma configuração única,
formada por inúmeras partes indissociáveis e que o todo será sempre maior do
que a soma das partes. Nesse formato
todos vêem a si mesmo e ao mundo com olhar do outro.
Como o mote desta reflexão é compreender a Terapia
Comunitária Integrativa como um grupo, afirmamos baseados na compreensão dessa
metodologia, que ela seja uma terapia do grupo. Os terapeutas, mobilizados pelos ensinamentos da formação e, por
sua prática, vão absorvendo progressivamente o paradigma grupal, facilitando,
desta forma, a passagem das questões individuais trazidas pelos participantes
para o tecido grupal que começa a ser confeccionado suavemente. Os temas colocados
nas Rodas são portas de entrada para o trabalho grupal, verdadeiros gatilhos da
consciência do grupo.
Para ajudar na construção do paradigma grupal, vamos
apresentar a seguir as etapas ou momentos da Roda da TCI em que se verifica
claramente a passagem do individual para o grupal. Este salto paradigmático evidencia
que a sequência metodológica tem o objetivo de acessar a dimensão coletiva do
grupo, entendendo que este é o nosso foco e “cliente” a ser acolhido. A seguir
são descritos os momentos em que esse fenômeno acontece:
1- Organização do espaço: Na Terapia Comunitária Integrativa as cadeiras são organizadas em
circulo. Esta configuração facilita a
proximidade dos participantes e a horizontalidade do processo; promove a
igualdade de participação e o respeito ao diferente; finalmente, convida a
todos para um diálogo intimo e respeitoso. Quando posicionados em círculo cada
pessoa se percebe integrada ao outro e disponível para a troca. Este é o primeiro passo para a formação do “Ser
Grupal”.
2-
Acolhimento e dinâmica: quando os participantes são
acolhidos dentro de um clima caloroso, estimula-se a quebra das resistências e
dos medos, todos são iguais nas suas comemorações, todos podem brincar e se
aproximar livremente. Podemos afirmar que esta etapa seja o segundo passo para a construção do “Ser
Grupal”.
3- Escolha do Tema:
nesta etapa os participantes são livres para escolher o tema, fazendo conexão
com algo que está vivo dentro deles – suas historias de vida. A proposta de
dizer o porquê daquela identificação leva ao acionamento dos arquivos antigos que
são colocados à disposição do inconsciente do grupo. Nesse momento cada pessoa
busca em si mesma a razão daquela escolha. ”Eu
escolho o tema tal porque fiquei muito tocada ou porque minha família já passou
por isso...”. Na votação, o grupo escolhe o tema entre os propostos na Roda
e, pela experiência, percebemos que na maioria das vezes o grupo elege o tema
que mobiliza a todos e que proporciona inúmeros depoimentos na fase de
compartilhamento. Entendemos que os participantes votam no tema que mais tem a
ver consigo mesmos, aquele que toca sua história de vida. Eis aqui o terceiro passo para a formação do “Ser
Grupal”
4- Nas Perguntas, durante a Contextualização: o tema trazido pela pessoa
escolhida mobiliza a busca de compreensão das vivências de cada um. Incrível
perceber que os participantes fazem as perguntas para si mesmo; perguntam sobre
suas dúvidas, seus conflitos. Quando um comunitário elabora sua pergunta ele
está percorrendo um caminho dentro de si mesmo, se interrogando sobre seus próprios
dilemas. As perguntas feitas pelo grupo evidenciam o quarto passo para a formatação do “Ser Grupal”.
5-
Na Problematização ou Compartilhamento
de Experiências: ao
responder a indagação através do Mote, o grupo, através dos depoimentos, se
consolida em torno de um tema, cada pessoa vai ampliando o tema na sua
perspectiva, mas sem perder o elo de conexão com todos. Nesse momento acontece
o ápice da transmutação, do que a principio eram questões individuais, para um
somatório muito mais que a soma das partes. Este é o quinto passo para o “Ser Grupal”, que se torna mais forte, mais
consolidado.
6-
No encerramento: quando os participantes contribuem
com a conotação positiva e respondem a pergunta “O que estou levando daqui?”, eles estão sintetizando para si toda
substância vivenciada no grupo. Cada participante se conscientiza do feixe de
possibilidades trazido e levado por todos. O comunitário, que já peneirou as
opções que lhe soaram familiares, partilha suas pérolas com o grupo, reforçando
a rede grupal já tecida nas várias etapas anteriores. Na conotação positiva, ele
admira o que o grupo construiu e leva para si a resultante dessa construção
coletiva; deixa consolidado o formato grupal ao se relacionar com suas alianças
afetivas, que lhes conferem unidade e identidade. Esta finalização representa o sexto passo para este “Ser Grupal”.
Em todos esses momentos o
fenômeno vivenciado deixa de ser pessoal e passa a ser coletivo. Muito
interessante refletir que as partes estão no todo e que o todo é maior do que a
soma das partes. Nesse aspecto ressaltamos a importância do Pensamento
Sistêmico como um dos pilares da TCI. Podemos afirmar que cada etapa do
desenvolvimento da TCI contém a essência da grande Roda, saindo da lógica
individualista, sectária, para a lógica coletiva, sistêmica. Reafirmamos que no
final da sessão teremos alcançado um resultado que representa bem mais do que a
soma dos aprendizados individuais e que com certeza, uma vez introjetado por
todos, reverberará aos familiares e a rede comunitária, formando assim a
resiliência comunitária.
Quais serão as ações e características
do terapeuta comunitário que facilitam a construção do Ser Grupal?
Primeiramente podemos dizer que construir uma configuração de grupo requer
abertura e segurança naquilo que se faz. A seguir citamos algumas ações ou
características que os terapeutas comunitários deverão apresentar para tornar a
Roda de TCI uma terapia do grupo:
1-
Compreender
tranquilamente e sem reservas que a TCI é uma terapia do grupo;
2-
Repassar
nas oportunidades a segurança de que no transcorrer do grupo todos irão ter a
resposta que precisam. É imprescindível para o terapeuta, ter a certeza interior para ser convincente diante do grupo e não
ficar dividido quando alguém esteja querendo falar demais mesmo que seja de uma
dor pessoal intensa;
3-
Trabalhar suas próprias aflições e dificuldades
e sempre que algum tema mobilize suas emoções, buscar aprender com o grupo e a perceber
outros ângulos de sua própria questão (“só reconheço aquilo que conheço”);
4-
Ter
tranqüilidade quando for necessário retomar o ritmo das etapas metodológicas,
tendo que interromper a fala de um participante ou lembrar as regras da Roda.
Quando ele toma essa decisão, estará
calcado na certeza de que a sequência das etapas construirá uma gestalt[2] muito
terapêutica e beneficiadora para as questões de todos;
5-
Repetir
como num ritmo musical as perguntas ou as orientações referentes a cada etapa.
Por exemplo, repetir o Mote a cada uma ou duas partilhas; repetir a pergunta “e
eu, o que estou levando daqui ?” quando no momento da finalização. Muitas vezes
os participantes se distraem, podendo trazer novos assuntos ou novas demandas o
que provocaria a dispersão do grupo como um todo;
6-
O
terapeuta comunitário precisa estar com as rédeas da metodologia em suas mãos.
Ele não escolhe os temas e nem as pessoas que vão falar, mas cuida para que
todas as etapas se completem, fechando o círculo formador do Ser Grupal. Se os
componentes da roda não se pronunciarem, entender que o silêncio também é
linguagem de comunicação.
Refletindo sobre a Roda
da TCI como uma terapia do grupo, é
importante falar um pouco sobre a formação dos terapeutas comunitários.
Normalmente,
durante as formações, os alunos trazem uma preocupação sobre como curar ou resolver
os problemas daquela pessoa específica que colocou o tema. Muitas vezes o
terapeuta em formação fica ligado naquela pessoa, se mobilizando pelos
sentimentos de compaixão. Se isso acontece, o terapeuta não consegue fluir
naturalmente nas demais fases da metodologia. Esta postura entrava a fluidez
das etapas e, consequentemente, o processo de
passagem do individual para o grupal é comprometido. Nessas circunstâncias,
todo processo pode ficar prejudicado e como as etapas não fluem, o grupo não
recebe os benefícios esperados.
Quando o terapeuta em
formação acredita na mágica da gestalt
da Roda, do começo, meio e fim, esse fenômeno permite acolher as necessidades
de todos e todos receberão do grupo na medida de sua necessidade real e não do
seu desejo. Essa compreensão sintoniza com os princípios de Platão[3] que
orienta aos mestres fornecer às crianças e aos jovens o que eles precisam e não
o que eles desejam. Esse princípio promove a distribuição equânime dos recursos
e potencializa a circulação do acolhimento entre as pessoas. Entendemos que os
princípios da TCI nos fortalecem a compreensão de que, num grupo de pessoas,
todos ganham quando os recursos pessoais e coletivos são colocados à disposição
de todos e partilhados na medida de suas necessidades.
Quando as Rodas da TCI
vão acontecendo sistematicamente nas comunidades, os participantes vão
incorporando, de forma até inconsciente, a segurança de que eles vão ser
beneficiados se a seqüência metodológica acontecer de forma harmônica e dentro
dos tempos previstos. Temos percebido que logo após a implantação das Rodas, as
pessoas ficam ansiosas para falar muito de suas questões, pois estão apegadas
ainda ao paradigma do seu problema individualmente. Na evolução do processo, os
participantes vão adquirindo confiança e muitas vezes ajudam aos terapeutas a
dar seguimento às etapas. Este é um processo lindo de ver os próprios
comunitários acreditando na mágica encantadora da Terapia Comunitária
Integrativa.
Comentários Finais:
} Sem dúvida a Roda de TCI é uma terapia do Grupo
} Todas suas etapas convergem para criar um ambiente propício à construção
do Ser Grupal
} Muito importante que o formador tenha certeza desse princípio para transmitir
esta convicção aos formandos.
Bibliografia
PRATES, C. Entenda
a diferença entre Terapia Comunitária e Psicoterapia http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2010/11/05/entenda-a-diferenca-entre-terapia-comunitaria-e-psicoterapia.htm
RIBEIRO, J. P. Gestalt Terapia: O
Processo Grupal. 3ª Ed. São Paulo: Editora Summus. 1994.
[1] Neuropsiquiatra, mestre em psicologia, gestalterapeuta, terapeuta
comunitária e presidente do MISMECDF
[2] Configuração
[3] Filósofo e matemático grego que viveu nos séculos V a IV AC. Criou
a Academia em Atenas e ajudou a construir os alicerces da filosofia natural, da
ciência e da filosofia ocidental.
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